terça-feira, 25 de dezembro de 2012

DefecacÊ - Codinome Papai Noel

Há exatamente um ano eu postei aqui um texto falando sobre o Papai Noel e no final do post eu fiz um poema. Pois então, este poema virou uma música, que virou um clip, que virou o novo vídeo do programinha de comédia que estou fazendo com alguns companheiros. Senhoras e senhores, eu vos apresento o clip da música Codinome Papai Noel, encenado pelo melhor grupo de comédia da minha rua, o DefecacÊ.
PS: Caramba! Faz um tempão que eu não postava nada aqui, o meu painel já estava com teias de aranha.


sexta-feira, 1 de junho de 2012

Uma canção para a minha cidade


  Faz tempo que não escrevia aqui, ultimamente tem faltado tempo, e sobrado ideias. Então vamos lá. No dia 31 de maio de 2012, a minha cidade ( Jataí, GO) comemorou 117 anos de fundação, ou seja, ela é quase mais velha que a Hebe Camargo.  Como eu sei que, ao contrário do que muitos dizem, no aniversário ninguém gosta de ficar sem presente, eu e meu amigo gravamos uma música bem... Hum... Digamos... “carinhosa”, para a nossa querida cidade. A letra é de minha inteira responsabilidade, e nela eu expresso todo o meu “amor” pela minha terra natal. A intenção sempre foi apresentar essa música com meus amigos diante de muitas pessoas no Centro de Cultura e Eventos da cidade, mas como aqui você não tem muita oportunidade de mostrar o seu trabalho, a sua arte(não que isso possa ser chamado de arte) ou qualquer que seja a outra coisa que você faça, a não ser música sertaneja, o jeito foi postar aqui mesmo.

 Música: Por aí, em Jataí!
 Letra e vocal: Matheus Alves
 Arranjo musical e violão: Marcus Vinícius Gomes
Para que as pessoas que não são da cidade entendam algumas das piadas com certos lugares, estereótipos, figuras etc, abaixo do vídeo têm algumas descrições bem sucintas:


                                







*Clube 13 de maio

 Esse lugar é considerado o paraíso da terceira idade, é lá que os idosos mais fogosos soltam a franga, dançam, cantam, namoram e fazem outras coisas que eu não sei dizer por que nunca tive o “prazer” de entrar no local em dia de festa, tudo que eu sei é o que as pessoas comentam. O nome correto do lugar é Clube 13 de maio, mas se você quiser chamá-lo de Jurrasic Park não faz diferença alguma.

*Aldeia Lounge

O local nem existe mais, só que eu como eu já havia escrito a música há muito tempo, resolvi deixar. Era uma mescla de boate, casa de eventos, casa de shows e ringue de Vale-Tudo. O ambiente recebia os artistas menos conhecidos de todo o Brasil. A sua real função era dar motivo para os freqüentadores saírem comentando com os amigos coxinhas que tinham enchido a cara e pegado todas(o), ao som de música sertaneja na noite passada. Eu sempre achei uma grande injustiça o lugar ser chamado de “Aldeia”, é uma grande falta de respeito... Com os índios, que são muito mais civilizados que grande parte das pessoas que frequentavam o lugar.

*Feira coberta ou Feira dos Importados:

Antigo “shopping” da população. O local conta com muitos produtos vindos do Paraguai, muitos produtos piratas e muitos vendedores chatos pra cara***! Eu tenho suspeitas de que parte deles são robôs disfarçados. E o pior é que eles estão espalhados por todo os lados dizendo: “Posso te ajudar senhor?”; “Deseja alguma coisa, senhor?”; “Precisa de alguma coisa, senhor?” ; A minha vontade é gritar: Sim, eu preciso! Preciso de um matador de aluguel pra acabar com uns comerciantes insuportáveis que tem por aqui! Uma vez quando fui pra feira, levei um gravação no celular que dizia: “Não,  muuuuito obrigado.”; eu ativava ela sempre que algum chato fazia umas daquelas perguntas. Teve uma vendedora que mudou o seu semblante alegre na hora, o resultado foi uma discreta expressão de ódio.

*Bretas:

O Hiper mercado Bretas da cidade pode ser considerado uma escola inical para meliantes. Há boatos de que foi lá que bandidos de renome como Fernandinho Beira-Mar deram seus primeiros passos. Houve uma época em que os furtos de jovens eram constantes. Mas já houve vezes em que a polícia exagerou (novidade) no tratamento com tais jovens.
*Thermas Beach Park
Esse nem é mais o nome, mas vamos lá, o clube é o mais freqüentado da cidade, mesmo ficando muito longe da cidade, muito longe mesmo, tão longe que outro dia encontraram uma bota em uma das piscinas, e na sola do calçado estava escrito: “Isso pertence a Judas Iscariotes.”.  Faz muito tempo que eu não visito o clube, mas na época em que eu frequentava muita gente confundia a piscina com a privada.

*Shopping Jatahy

 Há pouco tempo inaugurado, é um lugar que possui relativamente muitas opções de entretenimento, como o cinema... O...  Cinema...  Hum... Tem também o cinema... Ah! E sem esquecer do cinema. Eu já vivencie muitas situações de despreparo de alguns funcionários, mas com certeza os relapsos são a minoria. Recentemente transferiram o Vapt-Vupt ( o serviço municipal de atendimento) para o shopping. A medida vergonhosa é uma tentativa de forçar até aquelas pessoas mais simples (que não são freqüentadoras assíduas do local) a gastarem o pouco que têm com os produtos tentadores das lojas, redes de fast food, etc.  Ou seja, se você não vai até o consumismo, o consumismo te força a ir até ele.

*O cristo

A estátua gigante fica num ponto muito elevado da cidade e parar chegar lá os fiéis têm que subir muitos degraus, e várias pessoas ficam com o corpo extremamente dolorido. Mas também se a pessoa sobe dezenas de degraus pra ver uma estátua... Ah!Com certeza ela merece essa dor.
     A subida realmente é muito cruel, chega a ser homicida, serve até como uma maneira alternativa de suicídio:
    -Ei, o que você vai fazer?
    -Cansei dessa vida, vou me matar!
    -Não faça isso você tem muito vida pela frente!
    -Não importa, pra mim já chega! Vou subir agora as escadas do cristo e acabar com esse maldito sofrimento.

 *Arapucão

  É o segundo maior estádio de Goiás, e se depender do time horrível que nós temos aqui, esse vai ser sempre o único título que o estádio carregará.

*Jacutinga

É o bairro dito por muitos como o mais perigoso. (Só escreverei isso, pois prezo pela minha integridade física).
 Existem outros lugares notáveis, mas eu só quis falar destes mesmo.
 Minha cidade às vezes é legal, quase sempre não, mas querendo ou não é a minha cidade. Tem muita coisa negativa e muita coisa positiva. A cada dia que passa vejo que o apelido “cidade abelha” faz mais sentido, porque Jataí realmente é como uma abelha: barulhenta, chata e as vezes perigosa. Mas como toda abelha, tem a sua importância, na grande colméia chamada Goiás, ou até Brasil.

P.S.: preciso parar com esses posts regionais.







domingo, 4 de março de 2012

O roncador do cinema


  Muitas vezes o nosso cotidiano se torna algo mais estressante que convites de aplicativos no Facebook. Por isso, quando temos um tempo livre, encontramos as mais variadas soluções para esquecer um pouco de todo aquele stress rotineiro, soluções estas que vão desde jogos de tabuleiro até idas ao cinema. Bem, esse é o meu alvo, o cinema. Um lugar um tanto intrigante, pois nele você pode presenciar do mais corriqueiro até o mais inusitado dos fatos. Recentemente eu tive chance de presenciar aquele que foi pra mim o maior dos maiores fatos inusitados numa sala de cinema, diria até que foi o André Marques dos fatos inusitados.
 Eu havia ido ao cinema com uma amiga assistir o filme “Millenium (Os homens que não amavam as mulheres)” antes que você fique se questionando, não! Não é um filme que trata de homossexualidade, e também não é um filme escrito pelo Netinho de Paula. O filme é mediano, contém mistério e muita pornografia, é uma mistura de Sherlock Holmes com Brasileirinhas. Mas tudo bem, vamos deixar de lado as distrações e no apegar aos detalhes mais importantes. A sala estava um tanto vazia, não devia ter mais que trinta pessoas, eu e minha amiga nos sentamos nas poltronas que ficavam no meio de uma fileira localizada no centro da sala de cinema. Na ponta esquerda da mesma fileira se sentou um rapaz de estatura média, camisa esportiva, bermuda e gordo... Tá bom, se você é do tipo politicamente correto e achou ruim, eu uso um eufemismo: (...) Se sentou um “rapaz fofo”, muito fofo. O filme mal havia começado e ele já estava devorando o saco de pipocas e algumas guloseimas, além de estar bebendo o refrigerante como um camelo bebe água no deserto do Saara. Em uma fração de tempo depois, o filme começou, foi então que minha amiga me cutucou e indicou com a cabeça o “rapaz fofinho”, ele estava dormindo. Quietinho. Com um ressonar quase inaudível. Numa boa. Sem incomodar ninguém. Que graçinha! É, mas isso era apenas uma prévia do caos que estava por vir. Foi então que passado alguns minutos, eu ouvi pela primeira vez aquele estrondo. Olha, tenho que dizer, já vi muita gente roncando, muita gente mesmo, já tive até a infelicidade de dormir no mesmo quarto de pessoas que roncavam, rangiam os dentes e ainda tinham flatulência( acúmulo de gazes), mas nenhuma pessoa que conheci consegue vencer o barulho que o cara era capaz de provocar, aquele era o pior caso de apneia do sono que eu já havia visto . Pra você ter uma idéia, o ronco era tão alto que por um instante, antes de perceber da onde vinha o barulho, fiquei em dúvida se o filme que eu estava assistindo era mesmo “Millenium (Os homens que não amavam as mulheres)”  ou era “O massacre da serra elétrica”. No começo, não só eu e minha amiga, como também todos da sala ( sim, porque a sala toda era capaz de ouvir) tentamos ignorar. Só que para mim era mais difícil relevar a situação, porque eu era a pessoa mais próxima do cara. Então achei uma bolinha de papel e estava pronto para taca-lá no infeliz, mas minha amiga me interceptou:
      -Para, Matheus. Não faz isso!-algum tempo depois ela se arrependeria de ter me impedido. Todo mundo continuava tentando ignorá-lo.  Ah! Pode acreditar, nós tentamos, e como nós tentamos, mas chega uma hora que é impossível ignorar, não da nem para gente se concentrar no filme, o problema atinge o seu auge, ninguém agüenta  mais. Coincidentemente, um primo meu também estava na sala com a namorada, assistindo, ou melhor tentando assistir o maldito filme. Ele foi o primeiro a tomar uma atitude, atitude essa que foi no melhor estilo “bagunça de escola”, o jovem sangue do meu sangue, pegou o canudo do refrigerante que estava tomando e introduziu nele pequenas bolinhas feitas do papel da embalagem de pipoca, apontou na direção do “fofo” e soprou, soprou várias, tive a impressão de ver algumas até resvalando no corpo redondo do rapaz, mas nenhuma surtiu efeito. Aí eu não agüentei mais e fui lá tentar acordá-lo, e dessa vez nem minha amiga tentou me impedir. Sentei na poltrona ao lado da dele, e pensei num jeito de despertá-lo, primeiro eu chamei: “Moço! Moço! Acorda, moço!” Nada. Continuava dormindo e roncando numa altura desumana. Parecendo uma britadeira. Então continuei chamando, mas comecei também a estalar os dedos. Nada. Parei de estalar os dedos e apelei para batida de palmas. Mais uma vez nada. Peguei então o saco de pipoca do cara e comecei a sacudir os restos de milho que haviam dentro, para fazer barulho, aproximei o saco o máximo possível do ouvido dele. Novamente nada. Enquanto todo mundo da sala dava risada da situação, eu ficava abismado com aquele ser que não acordava. Teve até um cara de uma fileira lá no fundo que foi até atrás do “fofo” e simulou um ataque de tosses bem alto, só que ainda sim não conseguiu acordá-lo também. Me lembrei da história da Branca de Neve, e cheguei a pensar que talvez ele tivesse comido uma maçã envenenada, mas então lembrei de como a Branca de Neve é acordada, e refutei a minha teoria, dar-lhe um beijo realmente não estava nos meus planos. Desisti. Voltei para o meu lugar dando risada, junto com todo mundo. Meu primo foi atrás do lanterninha, pra ver se ele dava um jeito naquele gordo desgraçado (isso mesmo, esqueça o eufemismo)! Se um elefante incomoda muita gente, um elefante que vai para o cinema, come em demasia, dorme no começo do filme e ronca numa altura que causa um impacto que só poderia ser medido em graus na escala Richter, incomoda muito, muito, muito mais. Minha amiga me disse uma coisa que me assustou:
   -E se ninguém conseguir acordar esse cara... Nossa! Ele vai ter que ficar aí... Ha,ha,ha,ha.
  Eu não tinha pensado nisso ainda, mas era verdade. E se ele não acordasse? Como nós iríamos tirá-lo dá-li, eram duzentos quilos (claro que é uma estimativa, eu não tinha uma balança na hora pra pesá-lo) só seria possível carregá-lo se a sala inteira ajudasse. 
  O lanterninha chegou, foi até o lugar do gordo miserável, e tudo que fez foi olhar para as pessoas da sala e se constranger com a situação. Meu primo, de longe, o incitou a acordá-lo. Foi então que o lanterninha fez uma coisa criativa e bem idiota. Ele ficou em pé ao lado do roncador, e fingiu que estava conversando no seu rádio de trabalho:
   -Então tá!!! Então tá!!! Tá certo!!! – esgoelou o XV de Piracicaba, digo, o lanterninha. –Falou alguma coisa? Algum problema?- respondeu alguém do outro lado da linha- Não, só tava fazendo um teste! - respondeu o lanterninha rindo, depois de ver a cagada que havia feito.
    Só que como eu já suspeitava, mesmo com a conversa esgoelada do funcionário do cinema, o homem continuava dormindo. Mesmo se fossem estourados dezenas de fogos de artifício do seu lado ele não acordaria. Acho que o pior barulho de todos não era capaz de acordá-lo, até mesmo se fosse colocado dormindo no meio de um culto evangélico, não despertaria, tenho certeza.  O lanterninha também desistiu por um tempo, e se deslocou pra algum outro lugar, o qual eu não me lembro. Como acordá-lo? Será que alguém conseguiria? Foi então que uma menina que não costuma ter boas idéias teve uma, seu nome, Thaís Rezende, a minha amiga.
     -Matheus, vai lá e meche na barriga dele... (disse Thaís, que parecia já ter uma certa experiência em acordar gordos roncadores.).

                               
                            


Lá fui eu, resoluto, acordar o gordo adormecido, que continuava com aquele ronco estrondoso e irritante. Sentei novamente ao seu lado, mas agora eu tinha uma nova solução. Cutuquei com a minha mão o lugar que descobri ser a kriptonita dele, sua barriga, e disse: “Acorda moço! Acorda!”. O gordo maldito acordou. Enquanto, mais uma vez, a sala inteira caía na risada, eu fiquei sem saber o que fazer. Tinha pensado tanto num jeito de acordá-lo que esqueci completamente de planejar o que fazer quando isso acontecesse. Comecei a rir também, e a única que consegui dizer em meio as minhas gargalhadas foi:
     -Acorda... O senhor... O senhor... O senhor pegou no sono!
  Ele me olhou com uma cara que expressava claramente a frase: “Ô veado! Deixa eu dormir em paz!” Ele não disse isso, mas deve ter pensado algo parecido, porque logo depois voltou a dormir. Desisti definitivamente e voltei pro meu lugar, foi como um replay, mais uma vez eu voltava dando risada junto com todo mundo. Ele voltou a roncar, e dessa vez o ronco era tão alto que fez até alguém da sala gritar desesperado:
   -Jesuuuus!!!
 Não, acho que aquele não era Jesus, pelo que ouvi dizer o Messias dos cristãos não é obeso.
 O lanterninha voltou, e foi bem sucinto dessa vez. Chegou no roncador, cutucou, cutucou, até ele finalmente acordar de vez e disse:
   -Moço, o senhor está roncando e incomodando as outras pessoas que estão tentando ver o filme. O senhor vai embora ou quer ficar acordado vendo o filme? -eu estava sentando a uma distância considerável, mas consegui escutar isso. Já a resposta eu não ouvi.
   O lanterninha foi embora e o homem continuou na sala, de olhos abertos, por mais uns cinco minutos, depois foi embora meio cabisbaixo. A princípio pensei que ele tivesse ido por vergonha ou por estar com muito sono. Mas depois eu entendi o que pode ter acontecido, quando ele acordou pôde perceber que toda comida havia acabado e então foi desesperado atrás de mais. Só que já era tarde e provavelmente todas as lanchonetes e redes de fast-food do shopping (lugar onde fica o cinema) já deviam ter fechado, então ele foi pra casa. Essa é a minha tese.
   Depois que ele foi embora, eu, minha amiga,meu primo, a namorada dele e todos os outros que estavam na sala continuamos vendo o resto do filme em paz. Nunca vou esquecer daquele dia, daquela situação inusitada, que relembrando agora foi até bem bacana de viver, na hora eu não gostei muito, mas depois me dei conta que são situações como essas que ofuscam a banalidade inerente do dia-a-dia, deixando ele mais divertido e interessante. Essa história maluca daria até um filme, já pensou?

       
        UMA SALA DE CINEMA...
                UM RAPAZ OBESO ADORMECIDO...
  
                       UM SISTEMA RESPIRATÓRIO PROBLEMÁTICO...  
   
E VÁRIAS PESSOAS FURIOSAS...

VEM AÍ...

O RONCADOR DO CINEMA
 EM BREVE, NO PRÓPRIO CINEMA!
QUANDO VOCÊ MENOS ESPERAR, ELE VAI ESTAR ROCANDO NA SUA FILEIRA!




  

    

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Sarney de Goiás


Nesse novo post, resolvi compor uma música e grava-lá para postar aqui no blog. A música se trata de uma crítica ao governo de Marconi Perillo no estado de Goiás. A forma displicente com que tal governo trata a saúde e a educação no estado, foram os motivos que me levaram a gravar essa música com os meus amigos, mesmo que sejamos "meio"desafinados, a relevância maior está na letra e na real mensagem da canção. Graças ao descaso do estado com relação ao salário dos professores, as escolas estaduais tiveram infelizmente que entrar de greve, e para muitos jovens como eu, esse é ano de vestibular. Que beleza, não é? "E se ficarmos ignorantes, o que iremos fazer? Vamos entrar na política e tentar nos eleger!" O Perillo disse que o carro chefe do seu governo seria a educação, então com certeza esse carro está enguiçado já faz um tempo.

Vocais desafinados: Douglas Ribeiro e Matheus Alves
Arranjo e violão: Marcus Vinícius Gomes
Letra e gaita: Matheus Alves






domingo, 22 de janeiro de 2012

“Tendência para seguir o mau caminho..."

  Vou ser sincero, nunca gostei de matemática. Na escola, eu sempre preferi e ainda prefiro as chamadas “matérias humanas”: português, história, geografia, filosofia, sociologia etc, adoro estas. Na verdade, não é que eu odeie matemática, digamos só que ela está demasiada de problemas, e eu realmente não tenho vocação para psiquiatra. Mas já me acostumei com ela, a matemática é algo fundamental, porque afinal de contas é como todos dizem: matemática é igual Igreja Evangélica, “está presente em todo lugar”.
Já faz algum tempo que as minhas aulas começaram, hoje faz cinco dias, para ser mais exato. No segundo dia de aula ocorreu um fato que me deixou bastante indignado, vou explicar: tudo aconteceu quando a minha turma estava tendo a primeira aula (já que estamos no 3° ano) de “Matemática para vestibular”, que como eu já havia dito no princípio, é uma matéria que me “fascina”. O professor, responsável por aplicar a matéria, ainda desconhecido por mim, estava fazendo um enorme monólogo a respeito “de fazer o curso no qual você tenha vocação”, não só eu, como também a sala toda estávamos completamente absortos naquilo tudo que ele dizia. Quando surgia alguma oportunidade, eu fazia algum comentário, às vezes bem formal e às vezes bem descontraído (como eu faço comumente).  Em um determinado momento, o professor, querendo nós alertar sobre alguns dos perigos da vida, deu início à história de um cara que teve um telefone celular roubado por um jovem de apenas doze anos, que depois foi pego no flagra enquanto tentava vender o aparelho no shopping da cidade, a polícia levou o pequeno infrator e devolveu o celular para o dono. Certo tempo depois que o professor terminou o seu relato, a coordenadora da escola chegou na sala perguntando se alguém da turma havia visto um celular, disse a cor e a marca, mas eu não me lembro, acho que é porque não prestei muita atenção ou porque a minha família tem um histórico de portadores de mal de Alzheimer, e talvez seja algo hereditário.  Mas continuando, a coordenadora perguntou se alguém havia visto ou sabia alguma coisa a respeito do celular de uma aluna que obviamente tinha perdido o aparelho. Todos disseram não ter visto e nem saber nada a respeito. A arcaica coordenadora já estava indo embora, quando eu resolvi falar:
      -Talvez ele esteja sendo vendido lá no shopping...
Escutei algumas risadas, e tenho certeza que entre elas estava também a do professor. A coordenadora ficou sem entender e me indagou se eu sabia de algo, respondi que não, então ela se foi para aquele lugar sinistro e sombrio da escola chamado de “coordenação”. Logo que ela saiu, o professor contador de causos olhou fixamente para a minha direção, a princípio eu comecei a me questionar sobre a sua sexualidade, mas então ele proferiu:
      -Já faz um tempo que eu estava te observando... Você é um rapaz inteligente...
      -Opa! Se o senhor está dizendo... (me manifestei)
      -Não sou eu, você sabe que é... Por isso, cuidado!
Hã?! Na hora eu fiquei meio atônito. Como assim? Por que eu tenho que ter cuidado? Aquilo teria sido um aviso ou uma ameaça? Será que o truculento professor me obrigaria a fazer uma coisa bem terrível? Uma prova com cinqüenta questões de álgebra e cinqüenta questões de escalonamentos de sistema, por exemplo? Antes que eu pudesse replicar, ele prosseguiu:
          -Estava te analisando, e percebi que você tem uma tendência para seguir o mau caminho. –disse ele como um religioso fanático que pragueja contra um cético.
        A sala inteira se divertiu com aquilo, até eu me diverti, era bem notável o escárnio presente no rosto de alguns dos meus caros colegas. Acho que eles pensaram: “Oba! Mais um que vai com a gente”.
       Numa pequena fração de tempo, refleti sobre o que ele queria dizer com “mau caminho”, será que estava dizendo que no futuro eu me lançaria na carreira política, ou que eu fosse voltar a frequentar a igreja, ou então que eu entraria para o Big Brother? Foi aí que eu o interroguei:
      -O senhor é professor ou vidente?
      -Sou formado em psicologia, consigo analisar em pouco tempo uma pessoa – disse o aspirante a vidente- você deveria respeitar a coordenadora...
       -Mas eu não a desrespeitei...
       -Desrespeitou sim, você não pode fazer isso, ela é uma autoridade aqui, e tem idade pra ser sua mã... Sua avó...
        -Bisavó! Tataravó!- exclamei, agora sim ultrajando a velhinha da coordenação- eu só fiz uma piada, que em momento algum desrespeitou a coordenadora!
         -Você a desrespeitou, sua sorte foi que ela não entendeu. Não faça mais isso, você não tem esse direito! 
         Eu quis tentar argumentar, porém, ele me cortou e deu prosseguimento ao sermão repressor, que agora não era só destinado a mim, mas a sala toda. Até hoje eu não me conformei com aquilo, não por causa da “tendência para seguir o mau caminho”, eu estudo numa escola pública, o mau caminho é inerente, e dependendo do ponto de vista do professor sobre o que é mau caminho, talvez eu vá mesmo, mas eu sou bem seguro a respeito do meu caráter. Se uma piada na escola leva para o mau caminho, então o Fernadinho Beira-Mar quando era jovem devia fazer stand-up comedy para os colegas. O que me revoltou foi a forma com que ele recriminou e descontextualizou o que eu falei, pode ter sido um comentário sarcástico, mas a partir do momento em que eu vivo num país que se diz democrático, numa escola que ensina a democracia, não vejo nada de errado  em fazer um comentário sarcástico e descontraído sobre algum assunto, mesmo que seja com uma “autoridade da escola”, pelo contrário, acredito assiduamente que é exatamente isso que devemos fazer: comentar, questionar, expressar, ironizar, criticar; mas em hipótese alguma se calar.  O próprio diretor da escola brinca com o pessoal, faz piadinhas questionando o padrão de beleza, a inteligência e a sexualidade dos alunos, e sinceramente, eu acho isso incrível, para usar uma linguagem mais coloquial: acho foda! Porque isso faz com que a barreira da falta de intimidade seja quebrada, isso aproxima o gestor da instituição com o seu subordinado, isso gera uma amizade, isso quebra esse moralismo hipócrita inerente a nossa sociedade. E os alunos não deixam barato, tem sempre algum brincando com o fato do diretor estar visivelmente acima do peso. E ele está mesmo. Tanto que quando foi assumir a cadeira de diretor da escola, tiveram que trocar a antiga de madeira por uma nova de chumbo.



A atitude repressora do meu professor com poderes oraculares, não é o tipo de atitude que esse nosso mundinho podre precisa. O despotismo e o autoritarismo estão presentes em nossas vidas mais do que podemos perceber, não estou querendo dar a entender que meu professor é um tirano, eu até achei ele um cara legal, só que o nosso pensamento é como o nosso intestino: não funciona bem quando está preso. O pensamento tem que ser aquilo que boa parte dos corintianos não é: livre!  Ultimamente uma sombra de censura vem ameaçando a internet, e ninguém pode se submeter a ela, é fundamental que o mundo proteste, assim como está sendo feito. Não podemos nos conformar com algo só porque fomos acostumados com aquilo, não devemos acreditar em algo só porque foi assim que nos ensinaram, é necessário que busquemos o conhecimento para que tiremos nossas próprias conclusões. Não podemos deixar de dizer alguma coisa só porque ela incomoda os moralistas e fundamentalistas. É como minha amiga Thaís diz: "O governo, e a maioria do país, ensinam que temos uma reputação pra cuidar, uma imagem que não pode ser destruída. Eles nos limitam, destroem o verdadeiro conceito de liberdade, são arrogantes, hipócritas e preconceituosos". 
 Eu queria ter dito ao meu distinto professor:
 -Eu também estava te analisando, e percebi que você tem uma leve tendência a falar merda... Cuidado!
Ainda tenho algumas dúvidas a respeito do vestibular, mas a única coisa que eu tenho certeza é que até ele chegar, enquanto eu estiver na escola, vou continuar falando e “desrespeitando” a autoridade de quem estiver lá. Uma vida de submissão é uma grandessíssima vida de bosta!
FALE! CONTESTE! EXPRESSE-SE! 


sábado, 24 de dezembro de 2011

Papai Noel


  Ah, o Natal! Houve um tempo em que está era a data mais importante do ano para mim, isso acontecia por uma única causa: o velho barbudo mais querido do mundo; aquele que distribui mais carrinhos que zagueiro perna de pau; que assim como um turista em Porto Alegre, vive cercado de veados; o chefe das renas Rudolph, Dasher, Dancer, Prancer, Vixen, Comet, Cupid, Donner e Blitzen; o obeso que viveu mais tempo até hoje; o marido da mamãe Noel; o único ser que entra a noite nas casas não para roubar, mas sim para dar coisas; o Santa Claus; o bom velhinho; ele que... É, chega de enrolação, ele mesmo: Papai Noel! Vou falar um pouco sobre o velhinho nesse texto.
 Já ouvi histórias de crianças ingênuas que na noite de Natal, deixam leite e biscoitos para o Papai Noel. Agora, vamos refletir: A figura que nós temos do Papai Noel é a de um senhor obeso, dizem que ele passa por milhões de casas, se em toda casa que ele for, houver leite e biscoitos para ele comer, no fim da noite o Papai Noel irá explodir! Essas crianças não deveriam deixar leite e biscoitos, ao invés disso deveriam deixar uma esteira, uma bicicleta ergométrica ou até uma cinta modeladora. Por favor, crianças, vamos começar a pensar na saúde do velho! Por isso é que eu acho que o Papai Noel só devia presentear as crianças da Etiópia e da Malásia, assim ele iria emagrecer rapidamente.
  Dizem que os trajes do Papai Noel não eram vermelhos na história original, isso foi estigmatizado pela Coca-Cola que almejava propagar a sua marca. Pensando sobre isso, fico feliz de ser a Coca-Cola a marca que mudou a roupa do Papal Noel, por que você já pensou se fosse outra marca, tipo a Skol? Nesse caso o Papai Noel usaria um biquíni amarelo, teria uma garrafa de cerveja na mão e mulheres seminuas puxando seu trenó, e quando alguém o avistasse voando, iria gritar: Desce Papai Noel! Desce seu gordo! Desce redondo! Desce redondo!







Antigamente as crianças não se comportavam direito, então inventaram o Papai Noel (que não presenteava nenhuma criança mal-criada) para tentar controlá-las, o tempo passou e as crianças continuaram teimosas, aí eles apelaram e inventaram a Supernanny.
No natal, o mundo inteiro canta a música que eu canto sempre na escola quando tenho alguma aula muito chata: “Jingle Bells... Jingle Bells”!
Ouvi dizer que o Jair Bolsonaro odeia o Papai Noel, só porque o velhinho se deixa levar por veados.
Uma vez, numa festa de Natal, eu vi uma criançinha dizendo: “Eu já vi o Papai Noel voando no trenó!” Alguém chegou pra mim e disse: “Tá vendo Matheus? O nome disso é imaginação.” Então eu respondi: “Não, o nome disso é esquizofrenia!”
Alguns dizem que a figura do Papai Noel se assemelha com a de um velho pedófilo, eu não concordo, se ele fosse mesmo um, ao invés de roupa vermelha, ele usaria batina.
Antigamente o Papai Noel deixava os presentes dentro de meias, mas reza a lenda que uma vez ele encontrou uma meia tão fétida que o presente deixado foi um Tênys Pé Baruel.



Uma história de natal

  Graças a minha avó, na minha infância inteira eu acreditei em Papai Noel. Aliás, não só eu, mas também o meu primo e o irmão acreditavam. O tempo foi passando e a gente foi descobrindo a verdade, primeiro foi o meu primo, não me lembro direito como foi que ele soube, mas deve ter sido a mãe dele quem contou. Depois fui eu, lá para os nove anos (eu sei, é uma idade bem avançada) descobri que o bom velinho era uma mentira. Em outros textos eu já havia citado alguns fatos e decepções da minha infância, mas o Papai Noel foi com toda certeza a maior decepção de todas. Até hoje me recordo o momento em que descobri tudo: Alguns parentes estavam reunidos em minha casa, pra celebrar o natal, faltavam poucas horas para a ceia, todas as crianças, entre elas eu, brincavam no terreiro de esconde-esconde. Todos que já brincaram de esconde-esconde sabem que existem algumas regras, uma delas é a que não permite que ninguém se esconda dentro da casa. Mas como eu nunca seguia muito as regras, fui me esconder no lugar proibido. Estava me dirigindo a porta dos fundos, para entrar na casa, quando passei por uma janela e ouvi o pessoal conversando, como toda criança muito curiosa parei pra escutar, foi então que ouvi a reveladora e dolorosa frase que a  minha progenitora disse pra minha avó Noel: “Então mãe, onde é que a senhora vai colocar os presentes nesse ano? De baixo da árvore ou das camas?” Naquela hora uma coisa inexplicável me corroeu por dentro, no começo eu pensei que fosse fome, mas não, era uma mescla de tristeza, decepção, revolta e desilusão, nem consegui brincar mais. É, realmente a verdade dói. Quando disse pra minha avó que eu já sabia da verdade, ela pediu pra que eu não contasse para o meu irmão, eu atendi o seu pedido.
    Passaram-se então alguns natais, e o meu irmão continuava acreditando em Papai Noel, só que já era possível notar um certo ceticismo de sua parte. Foi então que o meu tio teve uma ideia genial para fazê-lo continuar acreditando, ele inventou uma história cheia de lorotas dizendo que era possível capturar o Papai Noel se na Noite de Natal, nós pegássemos uma corda, disséssemos palavras mágicas, amarrássemos numa árvore e fizéssemos uma “armadilha mágica”. Meu irmão ficou super empolgado com a proposta e topou na hora. Então nós (eu, meu tio e meu primo) arranjamos uma bota de couro preto, com o cano longo, cobrimos a parte superior com algodão e combinamos de colocar a bota na armadilha pra que o moleque pensasse que se tratava da bota do bom velinho. Cumprimos o planejado, e no outro dia fomos até a árvore com meu irmão, que estava eufórico, para ver se Noel tinha caído na emboscada. Quando meu irmão viu a bota presa na corda, os seus olhos brilharam, observando o estado em que ele ficou, eu pensei que ele já havia se contentado, mas então o infeliz vira pra gente e diz:
 -Ah não, ah não, ele escapou! Podia ter ficado preso...
    Pirralhinho exigente! Depois de alguns anos ele acabou arrancando a verdade da minha avó, e descobriu a mentira. É sempre muito ruim descobrir que alguma coisa que você acreditava piamente não é verdade, não só o Papai Noel, mas várias outras coisas. Volto a repetir:  Descobrir que o Papai Noel não existe, foi e sempre será a maior decepção da minha vida.

Cultura do saco

Quando eu era criança existiam dois velhos do saco: Se você fosse uma criança mal-criada, um deles não te daria presentes do seu grande saco( Papai Noel), e o outro te levaria dentro do saco( Velho do saco).  É interessante perceber que mesmo depois de nascidos o lugar de onde viemos ainda continua muito presente em nossas vidas.

@Noel

Uma característica marcante do Noel é a sua barba. Papai Noel sem barba, não é Papai Noel! Mas nesse ano as coisas não tem sido muito positivas para os barbudos, tendo em vista que o Lula teve câncer e o Bin Laden morreu. Se eu fosse o bom velhinho começaria a pensar seriamente em passar a navalha na barba, antes que ele caia “acidentalmente” do trenó ou fique preso em alguma chaminé por aí.
Eu sinceramente sinto muita pena do Papai Noel, não é fácil ser o único a receber milhares de cartas em pleno século XXI. Seria muito útil pra ele criar um email. Fiquei então pensando qual seria o email do Papai Noel:
*noel-gatinho@hotmail.com
*gordinho_-_noel@hotmail.com
*nicolau.do.polo.norte@hotmail.com
*noel-sarado@hotmail.com
*jinglebells@gmail.com
*sacocheio@hotmail.com
*super-noel@hotmail.com
*papai-noel25@hotmail.com  
*nono_natal@hotmail.com
*CLAUSdionor25@hotmail.com              
*nono-chamine@hotmail.com
*noel-S2-rudolph@hotmail.com
*bom_velinho_é_o_caral** .I.@hotmail.com

Concluindo 

Muitas pessoas dão atenção demais ao Papai Noel e se esquecem a quem realmente pertence o dia 25 de Dezembro, quem realmente é o aniversariante. Mas eu não, e é por isso que eu quero aproveitar o meu blog para prestar uma homenagem a esse homem que fez coisas incríveis para nós, criou leis essenciais para a vida do ser humano, morreu virgem e foi o ser mais desenvolvido a pisar neste planeta: obrigado Isaac Newton! 
Antes de terminar o texto só queria fazer aqui uma observação: mais uma vez o Natal caiu no dia 25 de Dezembro, que coincidência!


Codinome Papai Noel

Uns me chamam de Noel, outros de Nicolau
Fui criado pela gananciosa cultura ocidental
Sou fruto do capitalismo e da imaginação
Cultuado por muitos e detestado pela religião
Saio lá do Pólo Norte, bem na noite de natal
Com um frio assustador que encolhe o meu bilau
Vôo no meu trenó puxado pelas minhas renas voadoras
Que por agüentarem o meu peso são grandes vencedoras
 Pouca gente nos vê, isso é algo muito raro
O Rudolph morre de medo do Jair Bolsonaro
Com muita cautela, entro pela chaminé
Mas como no Brasil não tem, chego nas portas “metenu o pé”
As crianças que me deixam comida são as primeiras da lista
Só que agora graças à elas, tenho que freqüentar a nutricionista
Recebo muitas cartas, algumas letras são bonitas, já outras um horror
Tenho certeza que as letras feias são de filhos de doutor
Acho que vou tirar a barba, ultimamente ela não tem dado sorte
Talvez eu também faça um moicano, vou experimentar um novo corte
Alguns dizem que eu sou pedófilo, que mente suja tem o ser humano
E se por acaso eu fosse mesmo, teria a proteção do Vaticano
E como dizia George Carlin, o humorista americano que alguns adoram
O motivo da minha alegria é porque sei onde as “meninas más” moram
A minha maior felicidade é quando chego ao último lugar
Cumpri minha missão, não tenho mais nada para entregar
Volto então pra minha casa, vou voando pelo céu
O meu nome é Nicolau, codinome Papai Noel.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O padeiro


   Ter uma padaria localizada próximo a nossa casa é algo quase indispensável. Como viver sem aquele saboroso pão francês ou sem aquele pão de queijo quentinho no café-da-manhã? Impossível. Pois é, isso é uma coisa comum na vida de muita gente, na minha não é diferente, perto da minha casa também tem uma padaria, muito bem estruturada por sinal. O dono dela é um padeiro muito bacana que todos chamam de “Méinha”, não faço ideia do nome verdadeiro, aliás, não sei nem se isso é um apelido, mas presumo que seja, porque pai nenhum em pleno juízo daria um nome assim ao filho. Méinha é um sujeito com enorme simpatia, que tem muitos amigos e sabe se comunicar de maneira exímia com a clientela, só tem um pequeno probleminha: Méinha não sabe fazer pão! Agora você deve estar se perguntando: “Como assim, um padeiro que não sabe fazer pão?!” É exatamente isso. Um padeiro que não sabe fazer pão! É mais ou menos como um pintor que não sabe pintar, um lenhador que não tem a capacidade de cortar lenha ou como um político que não sabe roubar. Bem, na verdade Méinha faz pães, porém, são pães horríveis de péssima qualidade. Sabe quando uma pessoa diz a outra que ela vai comer o pão que o diabo amassou? Então, eu sei bem o que é isso, como um desses quase todos os dias, porque se não é o Diabo que amassa aquele maldito pão, sem dúvida nenhuma foi ele quem deu a receita. Mas deixando de lado as brincadeiras, não acho que o Diabo trabalhe nessa padaria, nem ele seria capaz de fazer um pão tão ruim, e também suponho que o pão dele esteja sempre quentinho, já que vem do inferno, porque o do Méinha poucas vezes eu comi quente, na maioria das vezes ele estava frio, muito frio, tão frio que tinha dias que eu me perguntava se o pão estaria com hipotermia. Além disso, o pão é extremamente duro e seco, a única forma de comê-lo é esquentando-o no microondas ou no fogão, pra ver se aquele pedregulho fica pelo menos um pouco comestível. Na Bíblia diz que Jesus um dia disse ao povo: “Quem não tem pecado que atire a primeira pedra”; Mas se antes de dizer isso ele conhecesse esse pão , iria dizer: “Quem não tem pecado que atire o primeiro pão do Méinha”. Se o pão que Jesus repartiu com a mão na Santa Seia, dizendo que supostamente era o seu corpo, fosse o pão do Méinha... Ah, meu amigo! Nesse caso ele iria precisar de um serrote para conseguir reparti-lo entre os apóstolos.  De acordo com os costumes Islâmicos, quando a mulher desrespeita as tradições, ela deve ser apedrejada como forma de castigo, mas isso é porque eles ainda não conhecem o pão de que estou lhes falando, quando os islâmicos o conhecerem, só usaram ele para “apãodrejar” as mulheres, com certeza vai ser muito mais doloroso. Existem vários tipos de pães, com alguns você pode fazer sanduíches, com os outros Hot Dogs, com os do Méinha você pode construir uma casa. Eu o apelidei de “pão Gisele Bündchen”, porque mesmo sendo uma secura danada, ainda da pra comer. Houve uma vez em que eu fiz uma prova de Geografia que pedia os tipos de rocha, então sem exitar, escrevi: Rochas metamórficas, rochas ígneas, rochas sedimentares e pães do Méinha. Se o Méinha resolvesse criar um slogan promocional para a padaria, o mais adequado seria: “Promoção freguês não contente, coma um pão e perca um dente’’.
   Uma vez joguei um desses pães para o meu cachorro, só para ver sua reação. Ele abocanhou o pão no ar, com muita agilidade. Logo depois eu tive a chance de observar aquilo que deve ter sido o semblante mais triste que um cão já foi capaz de expressar até hoje. Meu cachorro olhou pra mim com a verdadeira e literal “cara de cachorro sem dono”, pude ver no seu olhar o que ele queria me dizer, era algo como: “Eu sou fiel a você a minha vida toda, vigio a sua casa sem cobrar nada, me encho de alegria toda vez que você chega da escola, e é assim que você retribui?! Dando-me essa porcaria pra comer, seu desgraçado?!”. Depois ele largou o pão no chão e foi comer ração. Naquele momento eu me senti a pior pessoa do mundo e jurei a mim mesmo que nunca mais daria aquilo ao pobre animal.
   Obviamente, muitas pessoas já reclamaram do tal pão, as desculpas são sempre as mesmas: quando a culpa não é do mau preparo da massa, é o forno que deu algum problema. Aos poucos você acaba se habituando com aquilo, mas o melhor a se fazer é andar um pouquinho mais pra comprar o pão em outra padaria, apesar de que muitas pessoas ainda compram lá. Tem vezes que eu me questiono sobre quem realmente é o Méinha: Um comerciante capitalista que não se importa com a qualidade do seu produto e quer lucrar a todo custo ou um padeiro sem muito talento que ganha clientes pela educação e carisma? Não sei ao certo, mas a probabilidade de ser a segunda opção é maior. Nunca gostei muito de cumprimentar os outros, às vezes sou até meio anti-social, mas o fato é que pessoas como Méinha, que estão sempre felizes da vida, ou pelo menos aparentam estar, acabam quebrando o gelo que é imposto talvez até involuntariamente pelas pessoas, e contagiando com alegria quem estiver ao seu redor. É claro que existe um limite, eu não sou obrigado a sair dando bom dia pra todo mundo, não sou mesmo! Tem pessoas por aí que não irão me dizer nada de produtivo ou interessante, então, há momentos em que o gelo se torna necessário, mas nem sempre. Mesmo tendo dito isso que acabaram de ler, é bom deixar claro que o pão do Méinha ainda continua sendo o pior que eu já comi na minha vida. “Méinha, o padeiro que não sabia fazer pão”; olha! Isso dá um bom título para um livro ou filme, mas pelo pão que ele faz, o título mais lógico seria: “Duro de mastigar”.
Pão do Méinha= Único pão do universo que é mais duro que pobre no final do mês.