terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O padeiro


   Ter uma padaria localizada próximo a nossa casa é algo quase indispensável. Como viver sem aquele saboroso pão francês ou sem aquele pão de queijo quentinho no café-da-manhã? Impossível. Pois é, isso é uma coisa comum na vida de muita gente, na minha não é diferente, perto da minha casa também tem uma padaria, muito bem estruturada por sinal. O dono dela é um padeiro muito bacana que todos chamam de “Méinha”, não faço ideia do nome verdadeiro, aliás, não sei nem se isso é um apelido, mas presumo que seja, porque pai nenhum em pleno juízo daria um nome assim ao filho. Méinha é um sujeito com enorme simpatia, que tem muitos amigos e sabe se comunicar de maneira exímia com a clientela, só tem um pequeno probleminha: Méinha não sabe fazer pão! Agora você deve estar se perguntando: “Como assim, um padeiro que não sabe fazer pão?!” É exatamente isso. Um padeiro que não sabe fazer pão! É mais ou menos como um pintor que não sabe pintar, um lenhador que não tem a capacidade de cortar lenha ou como um político que não sabe roubar. Bem, na verdade Méinha faz pães, porém, são pães horríveis de péssima qualidade. Sabe quando uma pessoa diz a outra que ela vai comer o pão que o diabo amassou? Então, eu sei bem o que é isso, como um desses quase todos os dias, porque se não é o Diabo que amassa aquele maldito pão, sem dúvida nenhuma foi ele quem deu a receita. Mas deixando de lado as brincadeiras, não acho que o Diabo trabalhe nessa padaria, nem ele seria capaz de fazer um pão tão ruim, e também suponho que o pão dele esteja sempre quentinho, já que vem do inferno, porque o do Méinha poucas vezes eu comi quente, na maioria das vezes ele estava frio, muito frio, tão frio que tinha dias que eu me perguntava se o pão estaria com hipotermia. Além disso, o pão é extremamente duro e seco, a única forma de comê-lo é esquentando-o no microondas ou no fogão, pra ver se aquele pedregulho fica pelo menos um pouco comestível. Na Bíblia diz que Jesus um dia disse ao povo: “Quem não tem pecado que atire a primeira pedra”; Mas se antes de dizer isso ele conhecesse esse pão , iria dizer: “Quem não tem pecado que atire o primeiro pão do Méinha”. Se o pão que Jesus repartiu com a mão na Santa Seia, dizendo que supostamente era o seu corpo, fosse o pão do Méinha... Ah, meu amigo! Nesse caso ele iria precisar de um serrote para conseguir reparti-lo entre os apóstolos.  De acordo com os costumes Islâmicos, quando a mulher desrespeita as tradições, ela deve ser apedrejada como forma de castigo, mas isso é porque eles ainda não conhecem o pão de que estou lhes falando, quando os islâmicos o conhecerem, só usaram ele para “apãodrejar” as mulheres, com certeza vai ser muito mais doloroso. Existem vários tipos de pães, com alguns você pode fazer sanduíches, com os outros Hot Dogs, com os do Méinha você pode construir uma casa. Eu o apelidei de “pão Gisele Bündchen”, porque mesmo sendo uma secura danada, ainda da pra comer. Houve uma vez em que eu fiz uma prova de Geografia que pedia os tipos de rocha, então sem exitar, escrevi: Rochas metamórficas, rochas ígneas, rochas sedimentares e pães do Méinha. Se o Méinha resolvesse criar um slogan promocional para a padaria, o mais adequado seria: “Promoção freguês não contente, coma um pão e perca um dente’’.
   Uma vez joguei um desses pães para o meu cachorro, só para ver sua reação. Ele abocanhou o pão no ar, com muita agilidade. Logo depois eu tive a chance de observar aquilo que deve ter sido o semblante mais triste que um cão já foi capaz de expressar até hoje. Meu cachorro olhou pra mim com a verdadeira e literal “cara de cachorro sem dono”, pude ver no seu olhar o que ele queria me dizer, era algo como: “Eu sou fiel a você a minha vida toda, vigio a sua casa sem cobrar nada, me encho de alegria toda vez que você chega da escola, e é assim que você retribui?! Dando-me essa porcaria pra comer, seu desgraçado?!”. Depois ele largou o pão no chão e foi comer ração. Naquele momento eu me senti a pior pessoa do mundo e jurei a mim mesmo que nunca mais daria aquilo ao pobre animal.
   Obviamente, muitas pessoas já reclamaram do tal pão, as desculpas são sempre as mesmas: quando a culpa não é do mau preparo da massa, é o forno que deu algum problema. Aos poucos você acaba se habituando com aquilo, mas o melhor a se fazer é andar um pouquinho mais pra comprar o pão em outra padaria, apesar de que muitas pessoas ainda compram lá. Tem vezes que eu me questiono sobre quem realmente é o Méinha: Um comerciante capitalista que não se importa com a qualidade do seu produto e quer lucrar a todo custo ou um padeiro sem muito talento que ganha clientes pela educação e carisma? Não sei ao certo, mas a probabilidade de ser a segunda opção é maior. Nunca gostei muito de cumprimentar os outros, às vezes sou até meio anti-social, mas o fato é que pessoas como Méinha, que estão sempre felizes da vida, ou pelo menos aparentam estar, acabam quebrando o gelo que é imposto talvez até involuntariamente pelas pessoas, e contagiando com alegria quem estiver ao seu redor. É claro que existe um limite, eu não sou obrigado a sair dando bom dia pra todo mundo, não sou mesmo! Tem pessoas por aí que não irão me dizer nada de produtivo ou interessante, então, há momentos em que o gelo se torna necessário, mas nem sempre. Mesmo tendo dito isso que acabaram de ler, é bom deixar claro que o pão do Méinha ainda continua sendo o pior que eu já comi na minha vida. “Méinha, o padeiro que não sabia fazer pão”; olha! Isso dá um bom título para um livro ou filme, mas pelo pão que ele faz, o título mais lógico seria: “Duro de mastigar”.
Pão do Méinha= Único pão do universo que é mais duro que pobre no final do mês.




Um comentário:

  1. kk gostei muitoo você tem futuro se decidir ser escritor.. você tem um jeito de escrever q prende a gente no texto.. q sabe fazer comédia.. eu ri lendo seu texto parabéns.. vou ler direto agora..

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